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Vacinas em dia é igual a prevenção

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31/10/2022
4 min. de leitura

Trinta anos após ser eliminada das Américas, a poliomielite ou pólio (doença viral provocada pelo poliovírus) voltou a ser uma ameaça no Brasil. O índice de cobertura vacinal segue em queda e hoje está em 69%, quando o ideal seria estar acima dos 95%. Mas quais são os principais impactos deste cenário? Quais são os riscos à população infantil brasileira?

E quais as recomendações aos pais para que esta doença altamente contagiosa - e que pode causar a paralisia permanente nas pernas ou braços também de adultos - não volte a circular, livremente, no país? Para esclarecer o tema, foram ouvidos dois especialistas do Hospital Moinhos de Vento: o Dr. João Krauzer, chefe do Serviço de Pediatria, e o Dr. Marcelo Comerlato Scotta, infectologista pediátrico.

            Dr. João Krauzer explica que, no Brasil, a pólio está praticamente erradicada, entretanto, a classe médica está extremamente preocupada, justamente porque o índice de procura pelas vacinas diminuiu drasticamente. “Houve um prejuízo substancial nessa situação em função da pandemia. Durante este período, além da não procura por auxílio médico, houve a falta de interesse em colocar a vacinação em dia nos Postos de Saúde. Também aconteceu um certo desserviço em relação às vacinas, de uma maneira geral, pois foram feitos muitos questionamentos sobre o imunizante para o COVID-19 e, com isso, a procura por esta e outras vacinas  acabou sendo escassa”, avalia.

            “A pólio prejudica o sistema nervoso, provocando a paralisia dos membros inferiores, a diminuição dos movimentos e mudando, drasticamente, a qualidade de vida dos pacientes. Se a doença acometer uma criança, vai deixar alterações e sequelas muito severas”, exemplifica o chefe do Serviço de Pediatria do Moinhos.

Aprendizado com a pandemia

“O poliovírus é transmitido de forma oral, por secreções, assim como a grande maioria dos vírus que atingem a faixa etária pediátrica, como o rinovírus, adenovírus e influenza. Então, aquele aprendizado que tivemos ao longo de toda a pandemia deve permanecer. Devemos ter cuidado em relação a deixar os ambientes abertos e arejados (nas escolas e onde o público infantil circula), de evitar aglomerações, de usar álcool gel e manter a proteção na hora de tossir e espirrar, pois essas são as formas frequentes de pegar a doença”, alerta.

“O vírus não está com uma circulação importante no nosso meio, mas a poliomielite só tem a chance de retornar, se o índice vacinal reduzir. Então, a orientação mais importante para os pais é que procurem os Postos de Saúde e coloquem em dia o calendário vacinal de todos os seus filhos. Vacina em dia significa prevenção”, ressalta o Dr. João Krauzer.

Como se proteger?

A mesma sugestão é dada pelo Dr. Marcelo Comerlato Scotta, infectologista pediátrico do Hospital Moinhos de Vento. “A principal recomendação é que os pais participem de todas as campanhas de vacinação das quais os menores de cinco anos têm que comparecer. Não tem outra medida. Precisamos vacinar e também dar os reforços. Só assim nós vamos conseguir estar protegidos e proteger as crianças”, reitera.

“Com a falta de procura pela vacinação, a queda da cobertura da pólio se tornou bem preocupante. Isso se deve, em parte, porque as pessoas perderam o medo da doença, pois o Brasil não tem poliomielite, pelo vírus selvagem, desde os anos oitenta”, analisa. “A ideia é que, se nós ficarmos muito tempo com essa cobertura abaixo da meta e o vírus retornar ao nosso meio (porque alguns países nunca o erradicaram), podem surgir novos casos de pólio, o que seria trágico já que o nosso último registro, no país, foi em 1989”, argumenta o infectologista.

Esquema de vacinação

Vale lembrar que, a imunização contra a poliomielite deve ser iniciada a partir dos 2 meses de vida, com mais duas doses aos 4 e 6 meses, além dos reforços entre 15 e 18 meses e aos 5 anos de idade. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) explica como é o esquema vacinal:

  • VIP (intramuscular): na rotina de vacinação infantil deve ser dada aos 2, 4 e 6 meses, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade. Na rede pública, as doses a partir de um ano de idade são feitas com VOP;
  • VOP (oral): na rotina de vacinação infantil nas Unidades Básicas de Saúde, é aplicada nas doses de reforço dos 15 meses e dos 4 anos de idade e em campanhas de vacinação para crianças de 1 a 4 anos. As campanhas de vacinação em massa, com a VOP, motivada pelo personagem “Zé Gotinha”, contribuíram para o controle da doença no Brasil.
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