A frente fria que está passando pelo Rio Grande do Sul fez diminuir as temperaturas e já deu indícios de como será o inverno de 2023. Mas como manter a saúde respiratória com a chegada da estação mais gelada do ano? E se a pessoa ainda tiver asma ou outras doenças respiratórias, como poderá se manter saudável neste período? Para dar dicas e relembrar vários ensinamentos adquiridos durante o auge da pandemia de Covid-19, ouvimos o Dr. Pierangelo Tadeu Baglio, pneumologista do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento e responsável pelo Ambulatório de Asma do Hospital.
Dr. Pierangelo Tadeu Baglio - Com a chegada do inverno aumenta a prevalência das infecções respiratórias, porque as pessoas acabam ficando em ambientes mais fechados e com menos circulação de ar. Para os indivíduos que têm a predisposição a doenças respiratórias crônicas ou já tem esse diagnóstico (como asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), o ar frio e a umidade são fatores que podem ser gatilhos, desencadeantes de crises. Então, a dica é para que as pessoas mantenham os ambientes ventilados e evitem grandes aglomerações.
Dr. Pierangelo Tadeu Baglio – O auge da pandemia nos deixou vários legados importantes. São lições que poderemos usar, principalmente nesses meses de inverno, para minimizar o risco de infecções. Uma delas é usar a máscara para se proteger e proteger aos outros. Então, se a pessoa já tem uma suscetibilidade (a doenças respiratórias) e está em um ambiente muito fechado, ela não precisa ter vergonha de usar a máscara, que é uma forma efetiva de se resguardar. Outro legado é a questão do uso do álcool gel e a higienização das mãos.
Dr. Pierangelo Tadeu Baglio – É importante tomar as vacinas preconizadas, como os reforços de Covid e a Bivalente. Além da vacina anti-Influenza (da gripe). Estas seriam as recomendações mais importantes para que todos possam atravessar este período de inverno sem sobressaltos. Mas, em caso de infecções, é preciso procurar atendimento precocemente para poder tomar as medidas necessárias.
Dr. Pierangelo Tadeu Baglio – Uma dica importante é observar a temperatura. Ou seja, não se expor ao frio demasiado e procurar evitar mudanças muito bruscas (ou choques térmicos). Por exemplo, se a pessoa vai sair, vai se expor ao frio, é importante que saia agasalhada, adequadamente.
E se for ligar o ar condicionado, mesmo que seja para aquecer, que evite as temperaturas muito extremas e mantenha os filtros do aparelho sempre limpos. O ambiente, principalmente o quarto da pessoa, também necessita estar sempre com a limpeza em dia e arejado, para evitar o acúmulo de ácaros e alérgenos que podem ser potencialmente agressores às vias respiratórias.
Dr. Pierangelo Tadeu Baglio – Outro legado do auge da pandemia que deve permanecer é o de evitarmos o contato com alguém que está nitidamente resfriado ou oferecermos uma máscara para esta pessoa, caso não esteja usando. E se o próprio indivíduo estiver gripado é necessário procurar estabelecer alguns dias de isolamento em casa, se for possível. Caso não seja viável, é importante sair de máscara, ajustada no nariz e na boca, para, exatamente, evitar a disseminação das doenças nesse período. É simples: procurar se proteger e oferecer ao outro que se proteja.
Dr. Pierangelo Tadeu Baglio – As recomendações são as mesmas para os pacientes asmáticos. A ênfase para quem tem asma ou Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é de que mantenha o acompanhamento com seu pneumologista e continue fazendo uso dos tratamentos indicados. Para que procure não interrompê-los, para que a doença se mantenha controlada. Na medida que a asma e a DPOC estão sob controle, o risco de novas exacerbações (ou crises) diminui. Atualmente, cerca de 51,2% dos asmáticos não conseguem manter a enfermidade controlada e, quando não avaliada e tratada, esta patologia causa cinco óbitos por dia no Brasil
Dr. Pierangelo Tadeu Baglio – Existe um erro muito frequente que observamos nos pacientes com asma: ao perceberem que há uma melhora dos sintomas, pensam que é possível interromper o tratamento. Como não estão sentindo mais nada, acreditam que estão com a doença controlada e deixam de seguir as recomendações médicas. Então, o indivíduo volta a apresentar sintomas e a ter risco de crises.
Dr. Pierangelo Tadeu Baglio – Com certeza, o paciente pode levar uma vida absolutamente normal. Esse é o objetivo do tratamento indicado. É o conceito de controle da doença. Tanto que, hoje em dia, para alguns casos, se fala até em remissão da asma. Isso ocorre com aquele doente que está tratando da enfermidade e consegue ficar livre de sintomas por longos períodos.
Então, é absolutamente possível e desejável que o paciente tenha uma vida normal. E ele deve, sim, praticar atividades físicas. A partir do momento que tiver a sua asma controlada, não se espera que ele tenha dificuldade para praticar qualquer tipo de esporte, qualquer tipo de atividade.
E, sem dúvida, o uso correto e contínuo do tratamento prescrito (como de corticoides inalatórios e de broncodilatadores inalatórios) é o que vai fazer, na imensa maioria das vezes, o paciente obter o controle da doença e poder levar uma vida absolutamente normal.
